Pelo menos eu acredito nisso! Não me julguem…
Quando eu era criança, também achei que eu tinha inventando o brigadeiro. Impossível para alguém sozinha em casa, sem supervisão dos pais, não ter a audácia de misturar leite condensado e achocolatado… Comia todas as latas que podia… Bons tempos em que ignorava os perigos do descontrole glicêmico no corpo. Um pouco de trauma pode ser acrescentado…
Sou da geração da década de 1980. O forte da inflação no Brasil. Aconteciam poucas festas de aniversário e pobre é assim: chama todo mundo, mesmo que o bolo seja pequeno, mesmo que não tenha a estrutura de festa que vemos hoje. Quase ninguém levava presente, por motivos óbvios, mas o que me marcava mesmo era “as tias” guardando os brigadeiros para o final, em cima da geladeira.
Geladeira, cara! O móvel sagrado do pobre. Um santuário que só as pessoas iniciadas nos mais altos círculos poderiam acessar. Imagina só escalar um troço desce, com o tamanho que eu tinha e roubar brigadeiros. Imagina roubar brigadeiros naqueles tempos!!! Impensável… E nem tinha brigadeiro para todo mundo…
Tinha também as garrafas de vidro (os cascos) de refri sobre a mesa e o bolão decorado com aquele confeito prateado que quebrava o dente… Bons tempos… O tema, naturalmente, circo ou palhaços – uma obsessão – e, naturalmente, também, algum desavisado iria trombar e derrubar uma garrafa de refri, quebrando o casco (que deveria ser devolvido). Parecia assim um crime, ir comprar o refri sem o casco… Tempos estranhos, de privação, sustentabilidade e miséria compartilhada…
Mas a postagem era sobre o meu fichamento 3D…
Você sabe! Entrou aqui…
Vai ler alguma dica. Sim! Vai achar óbvia?! Problema seu… Eu inventei o brigadeiro. Invento a roda e descubro as Américas quantas vezes eu quiser… Se bem que a roda não foi uma invenção, foi uma percepção. Deus é matemático ou físico… um dos dois ou os dois. Você já ouviu falar do Culto dos Pitagóricos?
Voltando, voltando… Num passado recente, resolvi fazer outra graduação. Optei pelo formato EaD. Sabe, precisamos reconhecer, o Instituto Universal Brasileiro estava certo! (também é uma piada +40). E eu, do meu ponto de vista analógico, seguia adaptando-me à novidade. Tinha que ler muitos artigos e textos e livros, a maioria digitais. Empurrei o analógico (livro impresso) até onde pude. Acabei, por fim, soterrada pela realidade dos pixels.
Aí, comecei a me organizar e uma das ideias foi fazer uma base de fichamentos. Comecei, como todo analógico, com as famosas fichas, mas não funcionou para mim. Depois, segui para cadernos, fazendo as anotações, inclusive, registrando progressos de leitura. Naufrágio total. Daí, adotei duas estratégias!
Primeira estratégia – Linha do Tempo
Comecei a fazer esquemas e linhas do tempo para organizar meus estudos. Percebi que orientando as coisas, dentro de uma distribuição temporal, eu me sentia mais segura com o conteúdo, posto que minha forma de apreensão é mais visual. Falei sobre isso no Máquina de Letras e em outra ocasião sobre Dicas de estudo para uma pessoa inquieta (como eu).
Deixei, acima, um modelo de esquema de estudo simplificado da disciplina de Gestão Museológica, destacando marcos importantes, alguns contextos históricos do períodos e características relacionadas. Você pode customizar o seu, entendendo a forma que a informação fique mais acessível para você. Lembre-se: informação é importante, mas deixá-la acessível é mais importante ainda.
Segunda estratégia – Fichamentos
Depois eu evoluí com esse modelo e passei a alimentar as tabelas de fichamentos. Organizei pastas temáticas das áreas de leitura do meu interesse, por exemplo, História do Brasil, História da Arte, Museologia Social etc. Ficou assim o primeiro modelo:
No modelo acima, eu fiz uma lista de temas relacionados à minha área de interesse, no lado esquerdo acrescentei a referência bibliográfica (algumas com a forma de citação direta e indireta) e no lado direito as informações que eu marcava nos livros. Para fazer as referências, de uma forma mais prática, eu fiz um perfil no MORE.
Daí, começou o negócio…
Fichamento 3D
Eu notei que marcava fisicamente os livros e os visitava. Estava numa ressaca literária enorme, então, comecei a traçar três estratégias:
- lia uns cinco livros ao mesmo tempo, com pequenos progressos em cada um para não cansar;
- comprei marcadores adesivos coloridos e marca-textos coloridos e comecei a marcar trechos importantes e palavras-chave,
- deixei algumas pilhas de livros espalhadas pela casa para gerar curiosidade ou algum desconforto que me motivasse a tocá-los e lê-los.
Parece paradoxal, mas acabei voltando para o livro físico, de alguma forma. No entanto, essa estratégia, guardadas as devidas proporções, também pode ser adaptada ao livro eletrônico, pela marcação digital dos trechos.
Outra alternativa para os tecnológicos, tentei o aplicativo Mendeley. Excelente, porém não consegui me conectar e manter a constância.
Assim, fui percebendo que conseguia manter as informações mais acessíveis para mim. Comecei a migrar meus fichamentos uma tabela no googlesheets
Depois uma amiga me indicou o OneNote (obrigada Luddy, te amo!). Daí, estou fazendo a festa até hoje e me sentindo conectada. 🙂
Só que, nesse ponto, restou um problema… Não consigo desapegar das versões totalmente analógicas e tento atualizar todas. Enfim, problemas geracionais. (Anotando aqui na agenda para pedir perdão à minha mãe, pelos próximos 50 anos, por zombar da sua obsessão com backups, pendrives e HD’s.)
Adote a sua fórmula, tente uma, tente outra, misture duas… Só não deixe de ler e procurar boas e múltiplas fontes. Invente o seu brigadeiro!