robzfraga

Pelo menos eu acredito nisso! Não me julguem…

Quando eu era criança, também achei que eu tinha inventando o brigadeiro. Impossível para alguém sozinha em casa, sem supervisão dos pais, não ter a audácia de misturar leite condensado e achocolatado… Comia todas as latas que podia… Bons tempos em que ignorava os perigos do descontrole glicêmico no corpo. Um pouco de trauma pode ser acrescentado…

Sou da geração da década de 1980. O forte da inflação no Brasil. Aconteciam poucas festas de aniversário e pobre é assim: chama todo mundo, mesmo que o bolo seja pequeno, mesmo que não tenha a estrutura de festa que vemos hoje. Quase ninguém levava presente, por motivos óbvios, mas o que me marcava mesmo era “as tias” guardando os brigadeiros para o final, em cima da geladeira.

Geladeira, cara! O móvel sagrado do pobre. Um santuário que só as pessoas iniciadas nos mais altos círculos poderiam acessar. Imagina só escalar um troço desce, com o tamanho que eu tinha e roubar brigadeiros. Imagina roubar brigadeiros naqueles tempos!!! Impensável… E nem tinha brigadeiro para todo mundo…

Tinha também as garrafas de vidro (os cascos) de refri sobre a mesa e o bolão decorado com aquele confeito prateado que quebrava o dente… Bons tempos… O tema, naturalmente, circo ou palhaços – uma obsessão – e, naturalmente, também, algum desavisado iria trombar e derrubar uma garrafa de refri, quebrando o casco (que deveria ser devolvido). Parecia assim um crime, ir comprar o refri sem o casco… Tempos estranhos, de privação, sustentabilidade e miséria compartilhada…

Mas a postagem era sobre o meu fichamento 3D…

Você sabe! Entrou aqui…

Vai ler alguma dica. Sim! Vai achar óbvia?! Problema seu… Eu inventei o brigadeiro. Invento a roda e descubro as Américas quantas vezes eu quiser… Se bem que a roda não foi uma invenção, foi uma percepção. Deus é matemático ou físico… um dos dois ou os dois. Você já ouviu falar do Culto dos Pitagóricos?

Voltando, voltando… Num passado recente, resolvi fazer outra graduação. Optei pelo formato EaD. Sabe, precisamos reconhecer, o Instituto Universal Brasileiro estava certo! (também é uma piada +40). E eu, do meu ponto de vista analógico, seguia adaptando-me à novidade. Tinha que ler muitos artigos e textos e livros, a maioria digitais. Empurrei o analógico (livro impresso) até onde pude. Acabei, por fim, soterrada pela realidade dos pixels.

Outra forma de ensino EaD do pessoal +40

Aí, comecei a me organizar e uma das ideias foi fazer uma base de fichamentos. Comecei, como todo analógico, com as famosas fichas, mas não funcionou para mim. Depois, segui para cadernos, fazendo as anotações, inclusive, registrando progressos de leitura. Naufrágio total. Daí, adotei duas estratégias!

Primeira estratégia – Linha do Tempo

Comecei a fazer esquemas e linhas do tempo para organizar meus estudos. Percebi que orientando as coisas, dentro de uma distribuição temporal, eu me sentia mais segura com o conteúdo, posto que minha forma de apreensão é mais visual. Falei sobre isso no Máquina de Letras e em outra ocasião sobre Dicas de estudo para uma pessoa inquieta (como eu).

Alternativa com forma de esquema ligando as datas/períodos às informações relacionadas.

Deixei, acima, um modelo de esquema de estudo simplificado da disciplina de Gestão Museológica, destacando marcos importantes, alguns contextos históricos do períodos e características relacionadas. Você pode customizar o seu, entendendo a forma que a informação fique mais acessível para você. Lembre-se: informação é importante, mas deixá-la acessível é mais importante ainda.

Segunda estratégia – Fichamentos

Depois eu evoluí com esse modelo e passei a alimentar as tabelas de fichamentos. Organizei pastas temáticas das áreas de leitura do meu interesse, por exemplo, História do Brasil, História da Arte, Museologia Social etc. Ficou assim o primeiro modelo:

Está minúsculo, eu sei. Coloquei na fonte 5 para manipular a quantidade de informação.

No modelo acima, eu fiz uma lista de temas relacionados à minha área de interesse, no lado esquerdo acrescentei a referência bibliográfica (algumas com a forma de citação direta e indireta) e no lado direito as informações que eu marcava nos livros. Para fazer as referências, de uma forma mais prática, eu fiz um perfil no MORE.

Daí, começou o negócio…

Fichamento 3D

Eu notei que marcava fisicamente os livros e os visitava. Estava numa ressaca literária enorme, então, comecei a traçar três estratégias:

  • lia uns cinco livros ao mesmo tempo, com pequenos progressos em cada um para não cansar;
  • comprei marcadores adesivos coloridos e marca-textos coloridos e comecei a marcar trechos importantes e palavras-chave,
  • deixei algumas pilhas de livros espalhadas pela casa para gerar curiosidade ou algum desconforto que me motivasse a tocá-los e lê-los.

Parece paradoxal, mas acabei voltando para o livro físico, de alguma forma. No entanto, essa estratégia, guardadas as devidas proporções, também pode ser adaptada ao livro eletrônico, pela marcação digital dos trechos.

Outra alternativa para os tecnológicos, tentei o aplicativo Mendeley. Excelente, porém não consegui me conectar e manter a constância.

É preciso dessacralizar os livros!

Assim, fui percebendo que conseguia manter as informações mais acessíveis para mim. Comecei a migrar meus fichamentos uma tabela no googlesheets

Assim deixei mais acessível…

Depois uma amiga me indicou o OneNote (obrigada Luddy, te amo!). Daí, estou fazendo a festa até hoje e me sentindo conectada. 🙂

Agora é festa!

Só que, nesse ponto, restou um problema… Não consigo desapegar das versões totalmente analógicas e tento atualizar todas. Enfim, problemas geracionais. (Anotando aqui na agenda para pedir perdão à minha mãe, pelos próximos 50 anos, por zombar da sua obsessão com backups, pendrives e HD’s.)

Adote a sua fórmula, tente uma, tente outra, misture duas… Só não deixe de ler e procurar boas e múltiplas fontes. Invente o seu brigadeiro!


robzfraga

O que aprendi, fazendo uma trilha

Recentemente, decidi fazer uma trilha. Essa ideia veio de um pensamento recorrente que é cuidar de mim e viver novas experiências. Há muito tempo eu tenho me negligenciado de muitas formas. É difícil reconhecer e assumir isso, porque estamos o tempo todo fazendo coisas e planejando coisas por um único e básico motivo: sobrevivência. Pelo mesmo motivo, acionamos o piloto automático e, um dia, a gente se olha no espelho e a vida passou, pessoas chegaram e se foram, filhos cresceram, amigos do trabalho mudaram e não nos demos conta de nada disso. Aí, pensei: nunca comemoro aniversários! Vou comemorar o meu e da minha filha, fazendo uma trilha em sua companhia.

A empolgação do início

A vontade de estar na natureza sempre me rondou desde os cursos de pintura. A vida, seu ritmo louco e o meu descontrole com essas questões acabaram me afastando da escrita, da leitura e da pintura. Tenho essas fases: fases de criação, fase de recolhimento, fase de reflexão até a chegada de um novo surto criativo. Assim sendo, ir para a natureza parecia algo familiar e desejável, porém trouxe mais do que aquilo que eu imaginei obter.

Outro aspecto favorável no processo é estar aberta a conhecer pessoas, ouvi-las e, com elas, interagir, das formas mais diferentes possíveis. Tenho observado, sobretudo em mim, aquele discurso que traz oculto um julgamento, um conselho. Então, aproveitei, junto ao silêncio da natureza para aprimorar a minha escuta, sobretudo, de mim.

Necessário, somente o necessário

A primeira lição que aprendi foi ter e carregar o necessário, otimizar recursos e poupar para o essencial. Na trilha e na vida planejamos com cálculos irreais. Projetamos desejos, não contabilizamos o cansaço e não aceitamos as adversidades como algo comum. Em situações de privação ou crise, logo percebemos o que é realmente importante e útil. Isso vale para coisas e para pessoas. Assim como o trilheiro que, solitário carrega o próprio peso e o peso de seus utensílios e víveres, na vida aprendemos a carregar pesos desnecessários. Alguns, como aquele modelo de casaco específico ou aquela pessoa que já está fora da sua atmosfera, são elementos que se tornam cargas inócuas e desnecessárias.

Entretanto, não é para jogar a pessoa fora, mas, talvez, rever as premissas da natureza do relacionamento em questão ou o peso do casaco que, afinal, nem esquenta como deveria e só faz volume. Assim como com relação aos objetos que usamos, precisamos pôr limites na natureza dos relacionamentos que administramos. Muitas vezes, eles se tornam tóxicos e isso vale para amizade, amor, trabalho, vizinhança, para qualquer natureza de convivência. Reflexão, autocrítica, validação de sentimentos, colocação de limites e desapego são exercícios importantes, porém, tudo dentro de muito equilíbrio.

A vida é uma jornada solitária

Fiz algumas trilhas pelo fim de semana. Algumas mais “leves” outras, mais “pesadas”. Eu, porém, iniciante para quaisquer delas. No início, pensei que a maior dificuldade seria o tamanho do percurso e como sou dada a caminhadas, acreditei num cansaço possível, factível e controlável. Não calculei o cansaço mental e o desgaste de conviver com as diferenças. E pensei nas muitas cargas mentais que administramos em convivência com outras pessoas.

Fiz muitas perguntas a mim, duvidei do valor de estar lá. Olhava para minha filha e pensava que estava cometendo um erro. Deixei aquela culpa materna falar, gritar, espernear e a calei. Silenciei esses pensamentos por um único motivo: a vida é uma jornada solitária. Muitos estarão com você no prazer e na dor, andaram ao seu lado, contudo, ninguém estará no seu lugar, gozará o seu prazer ou sofrerá a sua dor. Pensei que era uma oportunidade de me tornar mais forte e fazê-la mais forte, ao passar pela experiência do inusitado ante as rotinas da vida.

Calei e ouvi e, embora minha filha também estivesse vivendo o seu processo e o seu silêncio, juntas, ouvimos algo maior que nós. Saímos de nós e sentimos a experiência. Sentimos a existência humana.

A importância da colaboração e da alteridade

Muito me orgulhou observar que a minha filha é uma pessoa boa nos momentos de crise. Com ela, aprendi um significado real da alteridade, de estar alerta, não contra os outros, mas com os outros. A pessoa que observa e cala, nos momentos importantes ou fala o essencial, nos momentos decisivos. A pessoa que sutilmente facilita o processo da outra e que estende a mão para o algo concreto na caminhada e na vida.

Observe as pessoas com um bom discurso, ame as pessoas com uma boa prática!

Nos momentos mais difíceis da trilha, lembrando, como disse acima, que calculei a caminhada e não o terreno acidentado, escaladas, barranco, a chuva e o barro, outras pessoas aliviaram o fardo do cansaço, misturado à frustração de não conseguir. Elas também ensinaram algo valioso: o poder que temos de afastar ou acolher pessoas, extrair o que há de bom nelas e a convivência colaborativa.

A falta de um pensamento colaborativo e de uma visão coletiva, em detrimento das liberdades individuais, explica um pouco de como temos nos tornado mesquinhos e avessos a sentimentos. De um modo geral, estamos falhando como pessoas, dentro e fora de nós mesmos. E isso é a causa de muitos males com os quais convivemos atualmente.

Conversas importantes

Aprendi muitas coisas, por exemplo, como tirar uma tonelada de barro da bota e que saquinhos impermeáveis são muito úteis. Aprendi que alma cansa, para além do corpo e que, inevitavelmente, as condições externas estarão contra nós. Aprendi outras coisas também, mais profundas, que dão conta do universo do humano.

Nesses ambientes de silêncio e contemplação é inevitável não ter conversas importantes. Falei com pessoas, na verdade, mais ouvi que falei. E falei comigo mesma.

A beleza da natureza. Poço Azul, Mambaí/GO.

robzfraga

Como aprender a não planejar férias

Se você gosta de cinema, vai reconhecer esta frase: “a primeira regra do Clube da Luta é não falar sobre o Clube da Luta”, mas a minha frase para o momento é “a primeira regra das férias é não planejar tudo sobre as férias”. Assim como ninguém seguiu a primeira regra no filme, ninguém seguirá a segunda na vida. É isso: fazemos regras e construímos metas pouco práticas, sobretudo nas férias.

Ninguém calcula o cansaço

Quando pensamos em férias, pensamos logo em resolver pendências, dar andamento a projetos e planos pessoais, dedicar a pessoas próximas. Pouco fazemos em termos de realmente descansar. A ansiedade pelas férias é tamanha que planejamos viagens, planejamos cursos, planejamos roteiros e, no fim das contas, não computados o cansaço e que o corpo e a mente precisam mesmo parar.

Não é crime ser organizado, planejar e seguir o planejamento. Tudo bem se isso tudo traz alívio e satisfação, mas a questão é que somos compelidos a ser produtivos o tempo todo. Será que não estamos transferindo isso, também, para um momento em que poderíamos, simplesmente, “deixar rolar”?

Tenho pensado muito nisso por esses dias e em quantas coisas idealizei para as minhas tão sonhadas, porém, pouco produtivas, férias. Por outro lado, pensei que precisava de um tempo para e de mim mesma. Um tempo de silêncio, pouco planejamento, muito descanso e pausa de projetos futuros. Percebi que precisava desacelerar, quando comecei a ficar irritada pela escolha de um simples filme no streaming, pois o primeiro pensamento tinha sido que “tem que ser um filme que não me faça perder meu tempo, tem que ser um bom filme para eu não ficar irritada porque perdi meu tempo vendo um filme ruim”… O nível do cansaço mental… Naquele momento, não consegui assistir a filme nenhum, simplesmente, porque eu estava colocando uma carga (desnecessária) de compromisso produtivo com a escolha de um filme para o meu lazer.

Daí, fui relaxando com isso… Deixando rolar. Praticamente nada do que idealizei, concluí, contudo eu me permiti um tempo para as coisas e para as pessoas. Amei o silêncio… Às vezes, precisamos pensar no descanso, no ócio e no autocuidado.

A dificuldade agora é lidar com a culpa pela procrastinação (intencional) alcançada, mas aí são outras falas…

Mesmo pensando em descansar, comecei a ver todas as séries e filmes da franquia Star Trek e, encantada, pensei que aproveitei bem o meu tempo, porque saí daquele “descanso” e me coloquei no “uniforme de produtiva”. Depois, que estiver descansado, vai lá no Maquina de Letras e veja Assistir ou Pensar?.

Viu?! É difícil a gente se libertar, no entanto, mesmo pensando em produtividade, estava fazendo coisas que amei e isso, de alguma forma, recarregou um pouco as baterias, mesmo tendo desacelerado neste período e, talvez, por isso mesmo.

Valorize as suas conquistas, mesmo que pequenas

Percebi também que não valorizei o esforço que fiz para tudo que foi realizado no ano passado e nem as minhas pequenas conquistas e vitórias pessoais. Naturalizamos estar sempre produtivos, fazemos coisas extraordinárias e as computamos como comuns. Acontece que elas estão nos nossos contextos diários e, em nenhuma hipótese, temos vivido tempos fáceis, em quaisquer lugar que formos, está difícil para tudo e para todos.

Seguimos fortes, mesmo que cansados! Parabéns a nós!
Que venha 2022!


robzfraga

People's first

Hey there! Most recently, some people has reached out to me asking careers’ advice (I was also surprised by it!). Below, you will find questions to qualify companies that you are applying for or being recruited for. This list is a result of several interviews I did over the years, as a candidate, manager and peer, since I started working back in Brazil in 2008. It helped me to land jobs that I felt I could contributed to the company’s growth while being happy doing it. I’m grateful for all the people that crossed my path and made me what I am today, mentors, managers, colleagues, friends… As you know, English is not my first language, if you see any mistakes let me know, so I can fix it. I hope it helps:

Research the company:

  • Number of employees
  • Diversity on advisory boards and leadership position
  • Pre or post IPO?
  • Find people that works/worked for the company and have a chat
  • Read posts on Glassdoor, LinkedIn and Twitter
  • On LinkedIn: research for turnovers
  • Research the company benefits
  • Paid parental leave? How long?
  • Healthcare (which one? does it have good coverage where you live? vision? dental? mental health?)
  • 401k match and its conditions

Questions for the manager:

  • Tell me how you set expectations with an employee / your team
  • Tell me about a time you receive a feedback from an employee
  • Tell me about a time when an employee wasn’t performing how you expected and how you handled it
  • Tell me how you handle company’s changes
  • Tell me how you structure your week
  • What is/are the nonnegotiable task/s you ask from your team?
  • What is your 5 year career plan?
  • What is the biggest goal you plan to achieve in your life? How is it going?
  • Tell me what do you look on an ideal candidate
  • Tell me about something you do outside work
  • For sales position:
  • What does the compensation plan look like (incentives and multipliers)?
  • What is the overall go-to-market strategy?
  • What is the future go-to-market strategy?
  • What is the company doing to support your team to execute that strategy?
  • What are the KPIs used to measure performance?
  • What is the sales methodology used?
  • If you are going to cover a territory outside of US/EMEA:
  • What is the overall go-to-market strategy within territory X?
  • What is the future go-to-market strategy within territory X?
  • What is the company doing to support your team to execute that strategy within territory X?

Questions for the team members:

  • Tell me about something you do outside work
  • Tell me how was the manager’s reaction when you made a mistake
  • Tell me about a time when your team members stepped up to support you
  • Tell me about a time when you received feedback from your current manager
  • Tell me about a time when you received feedback from one of your teammates 
  • What benefits do you like the most? And why?
  • What benefits do you like the least? And why?
  • What is your 5 year career plan?
  • What is the biggest goal you plan to achieve in your life? How is it going?

There is no right or wrong answers and my suggestion is that you ask about the person first, then the work, then challenges, then benefits. Once again, I hope it helps, it definitely helped me.


Carolina

Dicas de estudos de uma pessoa inquieta

A primeira e mais importante dica: não force a barra

Pessoas aceleradas e ansiosas tendem a ter momentos de fuga, quando confrontadas em suas intensões, sobretudo, quando falamos de uma atividade como a de estudar.

Por outro lado, vou falar com a franqueza robertiana (e que sempre me põe em apuros): você paga fortunas para obter soluções milagrosas de aprendizagem e a verdade é apenas uma – estudar é repetição.

O segundo sincericídio do dia é: para exercer a repetição tem que haver disciplina.

Pois é… A vida é dilema! Como conciliar ansiedade, necessidade mental de fuga, repetição, disciplina e, ainda por cima, alcançar um resultado positivo?

Algumas coisas para se ter em mente:

Estudo nunca acaba.

Procure várias fontes, de preferência, a fonte das fontes. (muita coisa é cópia, às vezes mal feita, de obras do passado, principalmente best sellers que fazem sucesso hoje…)

Não se iluda, às vezes, o termo da moda é apenas um neologismo para velhos problemas. Foco nos fatos e na análise de contextos.

Entender o momento em que vivemos

Em primeiro lugar, texto é contexto. Precisamos ter leitura de livros, leitura de mundo e leitura de nós mesmos. A partir dessas leituras criar uma síntese que será utilizada para a sua estratégia de estudos e para a vida. Sim! O aprendizado é um projeto de vida!

Por exemplo, está tentando estudar, passa horas com os livros, mas tem a sensação de que nada fica. Talvez não esteja ficando mesmo, mas por quê? Onde está a raiz do problema?

Vivemos uma realidade acelerada, premoldada em conceitos de belo, feio, produtivo, improdutivo, sucesso, insucesso. Aqui, vou cometer outro sincericídio: você não é bom em tudo, você é bom em poucas coisas e brilhante em alguns momentos. Você é assim por que é apenas mais uma pessoa comum. Pessoas comuns são pessoas medianas, que riem, choram, erra, acertam, às vezes, fazem coisas geniais. Guarde essa leitura de mundo: é absolutamente normal não ser genial! E aquele livro sobre aquele sujeito genial está revestido em marketing e efeito mandada. É preciso estar atento. Cada ser em si é um poço de contradições.

Então, para, respira que as coisas se organizam e se reorganizam conforme o momento. Continue caminhando, seguindo…

Entender-se

Compreender-se é fundamental. Não lutar contra limitações, porém, adaptá-las. Entender momentos, cenários. Incentivar gostos, não lutar contra mudanças e abraçar as adaptações.

Liberte-se de julgamentos. Todos vão julgá-lo. O segredo é a consistência dos seus atos. Poucas pessoas entenderão ou perceberão o seu ponto de vista, pois estão, elas mesmas, presas nos delas. Não desperdice energia com esses ruídos comunicacionais.

Liberte-se de fórmulas alheias. É necessário que você encontre as suas próprias fórmulas. Admire e siga a criatividade alheia, nas diferentes mídias. Leia livros indicados por pessoas realmente relevantes no contexto da sua área de foco. Lembre-se da máxima: pessoas interessantes estão sempre falando de ideias. Simplesmente COLE NAS FALAS DESSAS PESSOAS!

Por outro lado, não as copie veja em que elas podem contribuir para aprimorar os seus próprios cenários. Pode ser que uma pequena fala, destrave a sua ideia.

Tenha um foco muito claro naquilo que você pretende. Não estou falando de delírios de grandeza e do Yes, we can. Estou falando de clareza mental, baseada na realidade. Entenda sua bolha, fure a sua bolha e veja como múltiplas realidades administram os mesmos problemas. Converse com as pessoas, ouça as pessoas, entenda-as. Vai haver pontos de contato e vai haver grandes epifanias.

E as dicas práticas de estudos?

Eu ia abordar umas dicas pessoas que funcionam para mim e, quem sabe, possa tirar você um pouco da angústia. Entretanto, eu vi que era preciso uma conversa inicial, era preciso desacelerar. Nascemos respirando e, quando crescemos, acabamos sufocando-nos em nós mesmos. Precisamos levantar a cabeça e olhar o horizonte. Por mais que não permitam, precisamos tentar pensar com liberdade, sem intermediários.

Devo continuar em breve. Vou contar algumas libertações com leitura de livros. Por hoje, passei aqui para dizer que a vida é isso: encontro e desencontro. Não se escandalize ou se assombre, apenas abra o coração para aprender. De tudo se aprende… Eu, por mim, tenho aprendido a ser feliz.

Para você saber mais

21 lições para o século 21, Yuval Noah Arari. (ajuda a entender cenários)

Sapiens , Yuval Noah Arari. (para ler antes do livro acima)

A quarta Revolução Industrial, Klaus SCHWAB. (ajuda a entender cenários mundiais)

A sociedade do espetáculo, Mário Vargas Llosa. (reflete sobre os cenários atuais)

A agonia do Eros e A sociedade do Cansaço, Byung-Chul Han. (ajudar a entender a si mesmo no contexto do mundo)


robzfraga

Vivendo fora: ato 3, quem sou eu?

O peso (e alívio) de um diagnóstico inesperado

Durante este período de tratamento psiquiátrico e psicoterapêutico, fiz inúmeros processos de investigação interna. Querendo realmente me olhar no olho e me reconhecer. Saber me descrever, saber me sentir, saber estar no meu corpo. Foi nestes mergulhos internos que vários diagnósticos surgiram:

  • Depressão e ansiedade
  • Diabetes e sobrepeso
  • Hérnia de disco na cervical e na lombar
  • Fibromialgia
  • TDAH

Eu acredito que todos estes diagnósticos só confirmam o quanto a ciência ignora a saúde da mulher. Ter a síndrome de ovário policístico mal gerenciada produziu inúmeros efeitos na minha saúde a longo prazo.

A gestão de SOP deveria ser pesquisada à exaustão, pois atinge entre 4 a 20% da população do mundo. Só nos EUA, o impacto é na casa de quase 2 bilhões de dólares. Se não forem nos estudar pela humanidade de nos dar conforto, que ao menos seja para diminuir o impacto econômico que afeta diretamente quem tem ovários e quem não tem.

De todos os diagnósticos, o que de fato me fez bem foi o de ser diagnosticada com TDAH. Saber que a sensação de ser esquisita é válida e normal, porque afinal eu não sou neurotípica. E que não ser, não é mais exceção e, sim, a regra. Aqui nos EUA estima-se que 3% das mulheres tenham a condição, inúmeras delas sem diagnóstico.

Agora, que eu começo a me reconhecer e a me definir, começo a me interessar muitíssimo sobre o conceito de identidade. O que é pertencer? O que é fazer parte?

Não à toa que este blog se destina também a falar de museologia, história, arte… estas áreas compartilham algo fundamental entre elas: o conceito de identidade. Tanto do que se produz, quanto por quem é produzido, quanto de quem anos depois admira. Museus são guardiões de identidades.

Ser quem eu sou

Como parte desta busca da minha identidade resolvi fazer a transição capilar novamente. Ainda tem sido uma questão, mas é algo que eu estou mais disponível mentalmente, com mais resiliência para persistir. Tenho tentado cada vez mais amar o corpo que tenho, depois que mudei, engordei 20kg. Por muito tempo, tive uma posição ríspida e ignorante em relação à mim mesma, levou bastante tempo para que eu pedisse ajuda e me permitisse ser ajudada.

Hoje tenho sistemas que me ajudam na vida diária, que são os famosos coping mechanisms. Sei, por exemplo, que preciso de estímulos visuais para me lembrar das coisas, preciso de sistemas que diminuam as barreiras das atividades que são benéficas (como cozinhar, ir para uma caminhada…). Para muita gente isso é óbvio, não para mim. Hoje eu tenho uma equipe pra me apoiar, eu não estou só (na verdade, nunca estive…).

Receber o diagnóstico foi fundamental, não por receber um rótulo, mas sim para me ajudar a percorrer caminhos com mais leveza. Exemplo: se pessoas neurotípicas levam 21 dias para criar hábitos, eu levo 9 meses e está tudo bem. Este é o meu caminho.

Se tem uma dica que eu posso dar é que negar um diagnóstico só leva à piora do quadro em geral e o surgimento de outras comorbidades. Se eu pudesse escolher, teria sido diagnosticada criança.

A Carol que eu sou é a Carol que eu quero ser. (e vice-versa)

Carolina

Vivendo fora: ato 2, a realidade

Ajustes culturais

Estou chegando no meu terceiro ano morando nos EUA e somente agora (literalmente, na viagem à ilha Hurricane) que eu comecei a me sentir em casa.

O balanço entre tentar ser parte e se assumir parte

Quando me mudei, pensei em diminuir ao máximo possíveis atritos. Meu amigos e familiares daqui compartilham um repertório cultural do qual eu não tenho acesso. Ou melhor dizendo, não TINHA.

Quanto eu falo de repertório cultural é um entendimento de símbolos regionais. Um exemplo: se eu virar para um brasileiro e falar: “e o salário ó” imediatamente esta pessoa pensa em Chico Anísio na Escolinha do Professor Raimundo. Aqui isso também acontece, só que agora eu sou a pessoa que não entende a frase. E eu sei que isso também acontece entre gerações. Daí eu me pergunto se senti isso por que trintei ou se senti por que trintei aqui.

O fato é que ser imigrante é, antes de tudo, ser um expat (expatriado), porque não se é do lugar de origem e nem do lugar de destino.

E isso se manifesta muito nesse isolamento de pandemia.

Agora entendo, porque as pessoas precisam estar agrupadas em suas tribos, é uma questão de identidade e de conforto. A gente dá por garantidas tantas coisas do nosso cotidiano, que quando este muda, sentir saudade de pão francês quentinho com manteiga Paracatu derretendo enquanto a vó passa o café, é a regra.

Saying YES to the dress!!

Depressão em expatriados

É exaustivo ser imigrante.

O fato de viver em uma segunda língua drena o cérebro humano. É bom para o cérebro? Magnífico! Deixa a pessoa exausta? Morta. E para sobreviver a este cansaço mental você topa qualquer negócio, de alisar o cabelo a usar uma roupa que não gosta, passando por rituais que nem eram importantes assim para você.

Na mesma velocidade que você vai se isolando, se anulando, você também começa a não ter energia. O que leva inevitavelmente a um desgaste emocional.

Quando você acompanha grupos de imigração no Facebook, você vê muitas postagens com algum relacionamento com temas de saúde mental. Desde de gente pedindo recomendação de psicólogos brasileiros, a posts de desabafos pesados… Até fazer este texto, achava estes posts desnecessários, meu pensamento era de minimizar estas reações – e como ignorante e intolerante eu fui. Hoje, eu entendo que passo por um período de profundas transformações internas. Aqui você vê inúmeros artigos científicos sobre depressão em imigrantes, não é novidade para ninguém.

Estas transformações só foram possíveis pois eu tinha apoio, mesmo que remoto, da família. Meu esposo é um cara muito bacana. E eu tinha recursos para sair do fundo do poço. Tudo isso sendo mulher e latina.

Eu sou uma pilha de privilégios.

Dois pinguins com as cabeças apoiados um no outro, o pinguin da direita é menor
Conexão por mim

No entanto, nem todos estes amortecedores sociais foram capazes de me blindar de um dos períodos mais depressivos da minha vida. Eu vi o fundo do poço, e ele tinha uma coisa assim de posição confortável no sofá.


Carolina

Vivendo fora: ato 1, o bê-á-bá

Muita (MUITA) gente me pergunta (ao ponto de considerar criar um vídeo explicando a nossa história em 5min) como eu vim parar em Portland, Maine. Isso é um ponto importante da série que eu vou escrever sobre morar fora e o impacto disso na minha vida. No entanto, tudo que eu quero contar aqui é de um recorte muito específico, vai ter coisa que vai fazer sentido para você, leitor, e coisas que não. O objetivo é mais criar um contexto e disponibilizar alguns recursos (além, é claro, de economizar o meu tempo explicando mil vezes.).

A linha do tempo foi basicamente a seguinte: conheci o Mike em 2013, começamos a namorar em 2014, noivamos em 2017, casamos em 2018 e estamos aqui, juntinhos. O que parece algo simples, foi e é ainda desafiador, mas cada dia menos. Quando a decisão de imigrar foi tomada, eu sabia que precisava me preparar, mas não sabia como. Depois de conversar com a minha irmã (e melhor amiga, parceira de blog, etc…), ela virou e aplicou a técnica de “como comer um elefante?”. Ela me ajudou a dividir a saga em algumas áreas e a começar a me preparar. Os temas foram: aspectos psicológicos, aspectos fiscais e aspectos financeiros.

Aspectos psicológicos

“Deixar a família para trás, a comida do seu país, os seus amigos, a sua história…”

Cla e Robz em uma das nossas caminhadas

Era assim que as pessoas viam a minha saída do Brasil. Até o dia da mudança, eu não entendia o peso destas frases, não entendia o que assustava muita gente… até eu me mudar.

Sabendo que em algum momento a grande ficha iria cair, voltei para a terapia (que faço há anos, mas tinha dado uma pausa). Além disso, resolvi viver cada mi-nu-ti-nho daquilo que em breve não seria mais como já foi um dia (Beijo, Lulu!). Joguei Pókemon com a Roberta, jogos de tabuleiro com a família, fomos no cinema, almoços de domingo no meu pai…

Outro ponto importante é tentar absorver a cultura do local que você está indo e eu recomendo o Youtube para ver este tipo de conteúdo, claro de forma muito crítica, mas é bom que te dá um panorama geral. Escutei também um podcast sobre etiqueta, de uma grupo famoso neste tema: Emily Post.

Aspectos fiscais

Neste ponto algumas coisas me preocupavam: (1) com ficariam os +11 anos de contribuição ao INSS; (2) como informar a Receita Federal da sua intenção de mudar para fora do país em caráter permanente; (3) Deixar um procurador no Brasil.

Em relação ao ponto 1, existe uma legislação, que reconhece a quantidade de anos trabalhados no Brasil nos EUA (e vice-versa). Como você deve fazer a sua declaração de saída definitiva (2) à Receita Federal, não é recomendado o recolhimento mesmo que autônomo/facultativo. Para o item 3, eu tenho um procurador no Brasil, caso exista alguma emergência que eu tenha que resolver.

Aspectos financeiros

Viver é caro. Ser imigrante é pior. Então, se você pretende ir para fora do país, comece a poupar ontem. Uma outra preocupação que eu tinha era ter recursos para apoiar à minha família durante o período que eu não estivesse trabalhando. A fórmula mais simples para ter uma vida financeira saudável é: gastar menos do que se ganha. Óbvio né? Não para todo mundo, então aqui um passo-a-passo:

  1. Faça um orçamento anual dividido por categorias (despesas fixas, investimentos, saúde, lazer)
  2. A cada seis meses revise o orçamento procurando onde economizar
  3. Tenha reservas emergenciais (entre 3 e 6 meses de despesas fixas)

A reserva que você fizer será para pagar por:

  1. emissão passaporte;
  2. fotos para passaporte;
  3. taxa dos vistos;
  4. inspeção médica (exames de sangue, raio-x, vacinas, consulta…);
  5. tradução de documentos (recomendo este serviço);
  6. documentos a serem produzidos (dependendo do tipo de visto e país de destino);
  7. hotel, voos, alimentação e transporte para a entrevista no consulado/embaixada;
  8. voos, transporte e alimentação para o local de destino; se você pretende levar o seu animal de estimação: consultas, remédios, vacinas e papelada para a viagem (isso aqui vai variar muito conforme a empresa aérea e o país/estado de destino);
  9. uma vez no país de destino, dependendo se você tiver suporte ou não, você vai precisar de pelo menos uns 3 meses de alimentação e acomodação

E bem… isso é tudo que eu vou comentar aqui, por uma questão de segurança. Agora, vamos ao ato 2, a realidade de morar fora do seu país.

Eu e o que eu considerava toda a minha vida. Hoje eu sei que a nossa vida são as pessoas que nos marcam.

Carolina